sábado, 30 de março de 2013

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Concordo com a comparação entre o atendimento no SUS ao de repartições públicas, afinal a remuneração em ambos não motiva os profissionais suficientemente para o trabalho... Mas não esqueço que quando decidi fazer medicina, decidi por querer ajudar as pessoas acima de tudo...a remuneração seria consequência! É como levo a vida hoje com 8 anos de formado, com várias opções de não precisar atender mais pelo SUS mas com a ideologia ainda mantida e quando o faço pelo SUS faço com o mesmo afinco com que faço com outros convênios ou com as particulares, afinal a ideologia vem em primeiro lugar.

Pra quem possa interessar, vejam o site do HOSPITAL Sofia Feldman em BH onde são realizados 900 partos por mês, todos pelos SUS, com 85% de partos normais, com todas as medidas de HUMANIZAÇÃO. Poderão observar que o SUS pode ser muito melhor do que imaginam, melhor até que serviços particulares que oferecem como única opção pra paciente a cesárea... basta vontade e ideologia... nem todo mundo tem!

http://sofiafeldman.org.br/



segunda-feira, 25 de março de 2013

Me amarrei no seu cordão!


Por Ana Cristina Duarte



Seu bebê pode nascer com o cordão enrolado?? SIM! Vale a pena a leitura...

Poucas coisas causam mais terror no imaginário do brasileiro do que o cordão umbilical. Enquanto em outros países as muheres e médicos nem pensem no assunto, no Brasil esse é o maior hit nas paradas jornalísticas, midiáticas e pseudo-médicas. Quem nunca ouviu essa frase:
- Daí o médico fez a cesárea e o bebê tinha duas circulares no pescoço, e ele disse "ainda bem que foi cesárea, pois se fosse parto normal seu bebê teria morrido".
Que lorota feia, doutor!
Ou a outra não menos clássica:
- Meu médico é super a favor do parto normal, mas ele não arrisca. Se tiver algum exame que mostre alguma coisa errada, cordão enrolado no pescoço, por exemplo, ele opera.

O cordão umbilical pode medir desde alguns poucos centímetros (é isso mesmo, não existe "cordão curto") até quase 1 metro de comprimento e está sempre enrolado em alguma(s) parte(s) do bebê. Falar em circular de cordão é quase redundância. Como assim um cordão sem circular, num espaço exíguo, com um bebê em constante movimento? Não faz nem sentido. Os bebês interagem com o cordão, seguram, soltam, mexem. Enrolam-se, passam por dentro, fazem nós e voltas. Macramê do bebê. Ele é preenchido por uma substância gelatinosa que dá volume e protege os vasos sanguíneos internos.

Acidentes verdadeiros de cordão são situações raríssimas, que podem ocorrer durante a gravidez, por exemplo quando o bebê faz um nó verdadeiro e estica o cordão com seus movimentos, interrompmento assim o fluxo sanguíneo que o mantém. Porém esses eventos são mais raros do que um gêmeo surpresa na hora do parto, um acidente importante de trânsito, é um tipo de loteria ao contrário que atinge 1 a cada 5 mil gestações. Se isso fosse algo de fato constante em nossa espécie, os bebês não se mexeriam loucamente no útero, interagindo com um cordão de 80 cm de comprimento. Se acidentes de cordão fossem algo fácil de ocorrer, nossos cordões teriam 20 cm, e nossos bebês ficariam quietos numa só posição. A natureza teria cuidado de selecionar essas características.

O famoso prolapso de cordão - quando o mesmo desce pelo colo do útero e vagina antes da cabeça do bebê, interrompendo fatalmente o fluxo de sangue - é um evento igualmente raro, que ocorre principalmente quando o profissional de saúde rompe a bolsa artificialmente, e já há dilatação do colo do útero porém o bebê está alto. É nessa hora que o cordão pode vir com o líquido. Se não provocarmos a catástrofe artificialmente, na natureza ela é ainda mais rara.

As circulares de cordão no pescoço do bebê não representam risco adicional no parto, porque o bebê se movimenta muito menos no final da gestação e já não faz voltas incríveis e absurdas. O cordão sempre está enrolado no braço, no tronco, no pescoço. Uma grande vantagem da circular no pescoço é que o cordão não tem como descer abaixo da cabeça do bebê. Alguns chegam a ter até três ou quatro circulares, os babalorixás intrauterinos. Cerca de um terço dos bebês nascerá com pelo menos uma volta de cordão umbilical ao redor do pescoço.

Durante o trabalho de parto o útero contrai e empurra o bebê pelo canal de parto e conforme ele desce, o útero todo desce junto, inclusive placenta e cordão. Não há um aumento de tensão no cordão durante o parto. Tudo vem junto. A grande descida final acontece quando a cabeça do bebê finalmente sai de dentro de sua mãe, mas nesse momento é possível inclusive cortar o cordão, se for necessário. Em dez anos de prática, nunca fiz, nem nunca vi um(a) colega cortar um cordão nesse momento. Se o cordão chegou até ali, dá para o bebê nascer.

O mito do cordão que segura o bebê e que não permita que ele desça no canal de parto é outro que precisamos desafazer. O cordão não tem força para segurar um bebê que desce através da bacia pélvica. Se assim fosse, cedo ou tarde um cordão se romperia com o bebê ainda no meio do caminho e isso não existe. Como foi dito, o cordão está descendo junto com o bebê. O problema é que muitos profissionais de saúde incrivelmente não sabem que o trabalho de parto é caracterizado por esse vai e vem do bebê. Contração vem, bebê desce, contração vai, bebê sobe. Cada vez ele desce mais um pouquinho.

No momento em que o bebê nasce, o útero desce quase até a altura do umbigo, com a placenta colada e acompanhando o movimento de descida. ou seja, tudo vem junto, não se trata de um bebê bungee jumping. Em nível de curiosidade, sabia que o Brasil é um dos únicos países do mundo em que aparece "circular cervical de cordão" no laudo da ultrassonografia? Será que é por acaso que estamos com 52% de cesarianas?

Hoje em dia, entre as parteiras profissionais, já se discute inclusive a necessidade de se sentir se há ou não circular de cordão no momento em que a cabeça sai, e se há qualquer necessidade de se retirar essas alças por cima da cabeça. Pessoalmente penso que não e cada vez intervenho menos. Se a cabeça saiu, o resto vai sair por si só. Deixemos as mulheres e os bebês em paz, eles sabem o que estão fazendo. O monitoramento pode ser feito acessando batimentos, cor e aspecto do bebê.

Depois que o bebê nasce, o cordão não deve ser cortado antes de parar de pulsar. O sangue que está lá dentro pertence ao bebê. Aquele sangue é cheio de células T e hemoglobina, sendo muito importante para o primeiro ano de vida. O ideal é que deixemos esses cordões ligados o quanto for necessário. Podemos deixar até a placenta sair, se for o caso. Não há pressa em se cortar o cordão. O bebê não perde sangue por ali, ele só ganha. Em partos emergenciais a ordem é: não mexa no cordão. Tem até alguns grupos que deixam o bebê ligado no cordão (e portanto na placenta) durante horas e alguns durante dias. Cortar o cordão é apenas um ritual, não importa quando e como o façamos, desde que esperemos que ele pare de funcionar e passar sangue para o bebê.

Cordões umbilicais são fortes, são protegidos e protegem o bebê. Confiemos um pouco mais na natureza, que vem há cem mil anos filtrando os ajustes, montando um processo de parto que seja o mais seguro possível

Como atender um Parto Humanizado


Por Ana Cristina Duarte


Você, médico ou enfermeira obstetra, está lá de plantão no seu canto. Não aguenta mais aquele papo de quem vai pro paredão do BBB.

Chega a gestante em trabalho de parto. Vamos supor as seguintes condições:
- Fez pré natal e não há nada de anormal
- Ela está em trabalho de parto (contrações efetivas, 2 a 3 contrações em 10 minutos)

Eis o que fazer:

1) Sorria. Apresente-se com um aperto de mão, diga seu nome e sua função na instituição. Cumprimente o acompanhante. Parabenize-a pela chegada do bebê. Só faça elogios. Não faça críticas, nem piadas. Seja simpático e sorridente, sem ser 'engraçadinho'. E definitivamente essa não é a hora de julgar falta de pré natal, excesso de filhos, de peso ou de pêlos. Nada disso é da sua conta. Lembre-se que você está sendo pago por esse serviço, que aceitou voluntariamente. Lembre-se que, em última instância, são elas que pagam o nosso salário.

2) Deixe-a à vontade e o mais confortável possível, com liberdade de posição, desde essa fase de triagem. Explique que ela pode parar de responder se vier contração. Aguarde as contrações, sempre que vierem, antes de continuar o seu questionário. Pergunte o que precisa, para preencher a ficha da admissão. Ofereça uma camisola da instituição, sem obrigá-la a usar.

3) Peça que aproveite logo após o final de uma contração para se deitar em maca com encosto elevado pelo menos 45º. Diga que tentará ser o mais rápido possível. Instale a cardiotocografia de admissão, explique que é para avaliar os batimentos cardíacos do bebê. Verifique temperatura, pulso e pressão arterial. Tire termômetro e manguito de pressão tão logo termine as medidas. Peça licença para examinar a dilatação. Espere ela concordar. Seja delicado. Use gel lubrificante. Não force o colo. Não tente abrir mais do que já está. Pense em como você gostaria que um profissional examinasse internamente sua esposa, sua irmã, sua filha. Apenas avalie rapidamente, dilatação, esvaecimento, posição e altura. Diga a ela com quantos centímetros ela está de dilatação e dê parabéns, novamente. Diga que ela pode continuar o exame do coração do bebê em qualquer posição, inclusive de pé. Após os 20 minutos necessários, desligue imediatamente o aparelho e, caso esteja tudo bem, informe esse dado. Caso não esteja tudo bem, diga o que o preocupa, e informe que você já vai cuidar disso com a maior rapidez possível.

4) Supondo que ela já esteja com pelo menos 4 cm de dilatação e contrações efetivas, ou seja, na fase ativa do trabalho de parto, instale-a com o acompanhante, de preferência numa sala individual (não coletiva). Mostre onde tem banheiro, água, telefone, local para caminhar, banheiro para o acompanhante, chuveiro, bola, e tudo o que pode ser útil. Se ainda for fase inicial, explique que é complicado internar assim tão precocemente. Incentive-a a voltar pra casa por algumas horas (se for perto) ou a dar um passeio a pé, até as contrações ficarem mais fortes.

5) Não realize lavagem intestinal, nem tricotomia, nem qualquer procedimento de rotina na internação. Não ligue soro com ocitocina. Deixe o trabalho de parto evoluir normalmente. A ocitocina só deve ser utilizada em casos de distócia de progressão. Lembre-se que a ocitocina pode causar anóxia e óbito fetal. Ocitocina não é remédio pra "ajudar". Ocitocina é uma droga potentísssima e perigosa.

6) Não rompa bolsa, a não ser em caso de distócia de progressão ou de sofrimento fetal (para verificação de mecônio). Deixe que a natureza se encarregue disso. Se nada for feito, a bolsa se romperá naturalmente entre 7 e 10 cm de dilatação, ou durante o período expulsivo. Ruptura artificial da bolsa das água é o maior fator de risco para prolapso de cordão.

7) Examine apenas o necessário. Tirando a ausculta fetal, que é fundamental para sabermos a vitalidade do bebê, não  há porque ficar fazendo toques vaginais de hora em hora. Na fase ativa, podem haver intervalos de até 4 horas entre um toque e outro. Não deixe que mais de um profissional realize o toque. Peça licença. Pergunte se ela prefere que seu acompanhante permaneça ou saia durante o exame. Não assuma que você sabe como ela se sente, nunca! Sempre elogie o progresso, e como ela é forte, e como ela está lidando bem com o trabalho de parto. Se a bolsa estiver rompida, especial cuidado! O parto pode demorar quantas horas for necessário com a bolsa rompida, mas os exames de toque aumentam o risco de infecção.

8) Se for realizar cardiotocografia, não deixe o aparelho ligado por mais de 20 minutos, explique que o alarme não significa problemas, que em geral é porque houve perda do foco pelo aparelho, desligue imediatamente logo após terminado, e dê liberdade de posição durante o exame. Não é necessário que a mulher esteja deitada.

9) Incentive a mudança de posição, deambulação, banho de chuveiro e banheira, uso da bola, descanso em diferentes posições. Não é necessário seguir um circuito pré estabelecido. Explique apenas que ela não está doente e que deve confiar em seu corpo. Explique sobre a importância de não ficar numa só posição o tempo todo. Mostre técnicas de massagem para o acompanhante. Incentive o uso do chuveiro para alívio da dor. Ofereça sucos, água e alimentos.

10) Conforme chegar mais perto do expulsivo, explique os sintomas e peça ao acompanhante que chame caso um desses sintomas seja referido. Não faça dilatação manual do colo, pois esse é o maior fator de risco para laceração de trajeto. Aguarde a evolução natural. Não coloque a mulher "em posição". Dê liberdade durante o período expulsivo. Dê preferência a posições verticais, como a banqueta de parto, por exemplo. Não é necessário realizar antissepsia dos genitais.

11) Deixe a mulher fazer força conforme sente vontade, não fique guiando, gritando ordens ou pedindo que ela prenda a respiração e faça força comprida. Deixe que ela sabe o que fazer. Bebês nascidos sob manobra de Valsalva têm notas de Apgar em média menores do que os nascidos sob puxos espontâneos. Não fique colocando os dedos na vagina dela para "alargar" o canal. A vagina é tecido mole, não segura o bebê. Se for possível abaixe a luz, deixe alguma música (se ela gostar da idéia), fale baixo. Evite falar, na verdade. Faça apenas a ausculta a cada 10-15 minutos. Lembre-se que desacelerações durante a contração são normais, ainda mais no período expulsivo.

12) Dê tempo ao tempo, lembre-se que o período expulsivo de uma primigesta pode levar até 2 horas, às vezes até mais, desde que esteja havendo progresso e a ausculta esteja boa. Quando o bebê estiver coroando, convide a mulher a sentir a cabeça do bebê com a mão, e assim controlar a força e a expulsão. Proteja o períneo com uma compressa. Não empurre o fundo uterino, nem com a mão, muito menos com o cotovelo. A Manobra de Kristeler pode provocar lesão de fígado, de baço, ruptura uterina, descolamento de placenta, fratura de costela e hematomas, entre outros problemas.

13) Dê tempo para a cabeça subir e descer várias vezes, alongando o períneo. Isso evitará laceração. Não corte episiotomia, por favor. O maior risco de laceração de quarto grau ocorre quando se abre uma episiotomia. Lacerações em geral são pequenas, a maioria nem sutura necessita. Cerca de 70% das mulheres saem com períneo intacto.

14) Após a saída da cabeça, não puxe o bebê. Deixe que a próxima contração traga o resto do corpo. Isso pode levar 5 minutos. Lembre-se que o bebê está sendo oxigenado pelo cordão. O bebê pode nascer sozinho apenas com as contrações uterinas. Receba o bebê com delicadeza, enxugue-o delicadamente, sem esfregar. Sinta a pulsação do cordão, se estiver acima de 100, o bebê está bem. Ainda ligado ao cordão, coloque o bebê em contato pele a pele com a mãe e cubra-o, para prevenir a perda de calor. Não corte o cordão. Espere que ele pare de pulsar. Cerca de 1/3 do volume de sangue do bebê está no cordão e placenta. Deixe que esse sangue vá para o bebê.

15) Com a mãe ainda segurando seu bebê no colo, aguarde a placenta sem tracionar. Verifique apenas que o útero esteja contraído. Isso pode te dar a segurança que você precisa para deixar a natureza cuidar da placenta sem intervenções. Se houve fator de risco para hemorragia pós parto, aplique ocitocina intra-muscular e aguarde.

16) Se for necessário suturar, faça-o com anestesia suficiente para que a mãe não sinta dor. Se ela disser que está doendo, acredite: está doendo. A dor faz aumentar a adrenalina, diminuindo a produção de ocitocina: pior para o aleitamento, pior para a hemorragia pós parto. A amamentação na primeira hora de vida é prioridade e é a melhor forma de prevenir a hemorragia.

17) Após a primeira mamada e o cordão já cortado, pergunte se o pediatra pode examinar. Se possível o exame deve ser feito na própria sala de parto. Se não for possível, peça ao pai para acompanhar o exame. Enxugue melhor o bebê, com delicadeza. Corrija o corte do cordão, se necessário. Não aspire um bebê que respira. Pingue o colírio de escolha, de preferência abandone o nitrato de prata, menos efetivo, cáustico e doloroso. Substitua por antibiótico ocular. Deixe vacinas e vitamina K para as horas seguintes ao parto. Pese e identique o bebê. Devolva o bebê para a mãe imediatamente após o exame e diga a ela os dados relevantes.

18) Leve mãe, bebê e acompanhante para o quarto, na mesma maca, e favoreça o alojamento conjunto.

19) Da série "Um plus a mais": obstetrizes/enfermeiras obstetras para todas as mulheres; doulas voluntárias e permissão de entrada da doula contratada pela mulher, analgesia peridural para mulheres que esgotaram todas formas alternativas e não farmacológicas de controle da dor do parto; quartos com ambientação agradável; banheira para relaxamento e para o parto na água (aguarde nota sobre como atender um parto na água); uso de vácuo no lugar de fórceps sempre que possível (e necessário, claro).

20) Da série "Nunca é tarde pra lembrar": residentes e estudantes estão lá para aprender SE e QUANDO a mulher permitir. Mulheres e bebês não são cobaias. Parto não pode ter platéia. Não é humano colocar 6 estudantes observando a vagina de uma mulher. Nâo é humano colocar 6 estudantes e residentes para meter seus dedos nervosos em vaginas de mulheres com dor, assustadas e embaraçadas. Por favor, tome cuidado com a presença dos estudantes e sempre peça permissão à mulher. Sempre!

Por incrível que pareça, essas atitudes são o que chamamos de "Parto Humanizado". Para quem achava que parto humanizado envolvia o canto de mantras, a degustação da placenta e todos pelados na banheira, talvez seja uma decepção. Para quem milita pelo direito a um parto tranquilo para todas as mulheres, do SUS ou do sistema privado, é um grande alívio.

Imprima esse texto e entregue isso ao seu obstetra ou ao hospital público onde vai ter o seu bebê. Explique que é apenas isso que você deseja para seu parto.

sexta-feira, 22 de março de 2013

O combinado não sai caro: O Plano de Parto!


       Para aquelas que desejam ter a possibilidade de serem respeitados na hora do seu parto, a Organização Mundial de Saúde sugere a utilização do PLANO DE PARTO, instrumento que visa pactuar as decisões do que será feito no dia do seu parto ou ao menos equalizar os seus desejos com as condições que a equipe tem para lhe oferecer nessa hora, evitando imprevistos desnecessários no dia.
          Na prática, o plano de parto acaba sendo muitas vezes pactuado verbalmente entre as partes, mas quando é feito por escrito ajuda bastante a tirar todas as dúvidas necessárias antes do dia do parto. 
          Recomendo a utilização desse plano para todas as gestantes que procuram se informar, mas principalmente para todas aquelas que já sabem dos benefícios da espera pelo parto normal e da realização da cesárea apenas por motivos clínicos, mas ainda estão na dúvida se seu obstetra vai respeitar a sua decisão na hora. Com o plano de parto em mãos é possível conversar abertamente com o obstetra que a acompanha sobre todos os detalhes e possibilidades que a esperam e assim tirar todas as dúvidas e saber se realmente ele pretende respeitar suas decisões nessa hora tão esperada.

          Ah, já ia me esquecendo... serve pra você ver também se você está realmente querendo o parto normal ou apenas diz isso da boca pra fora.


 (atualizado em 21/03/13)



Plano de Parto de: ______________________________________________

O seu plano de parto deve estar de acordo com a sua personalidade e experiência de vida, sua cultura, sua família, gravidez anterior se houver e com as condições que a maternidade e seu obstetra lhe oferecem. Só com sua reflexão e consciência em conjunto com as pessoas em quem confia será uma ajuda à sua convivência e parto! Ele é importante para você pactuar com sua equipe as suas escolhas!

Sobre a espera pelo parto normal: (conversar com a obstetriz e o obstetra)
Gostaria apenas do parto normal se for espontâneo sem indução 
Gostaria do parto normal apenas se for um evento rápido
Gostaria do parto normal independente da quantidade de horas que ele demore, desde que o bebê esteja bem
Gostaria de aguardar ao menos 41 semanas de gestação para indução do parto
Gostaria de aguardar ao menos 42 semanas de gestação para indução do parto
Gostaria de aguardar o meu trabalho de parto espontâneo independente da idade gestacional, mesmo que ultrapasse 42 semanas de gestação, desde que esteja tudo bem.
Gostaria da tentativa de indução do parto normal, caso haja necessidade de adiantar meu parto por motivos clínicos (p ex. hipertensão, diabetes, restrição de crescimento, rotura prematura das membranas entre outros)
Gostaria de aguardar ao menos 72h com a bolsa rota fora de trabalho de parto para depois induzir o parto caso não ocorra espontaneamente
Gostaria de receber orientações e alívio adequado para a espera do parto normal caso tenha fase latente prolongada e não ser submetida a cesárea com alegação de não estar dilatando
Gostaria da tentativa do parto normal mesmo que o bebê esteja pélvico
Gostaria da tentativa da versão externa cefálica caso o bebê esteja pélvico
Gostaria da tentativa do parto normal independente do número de cesáreas anteriores
Gostaria da manutenção da tentaviva pelo parto normal caso meu bebê elimine mecônio durante o trabalho de parto, desde que ele esteja bem e receba amnioinfusão se necessário

Sobre o trabalho de parto (conversar com a doula, a obstetriz e o obstetra)
Gostaria de ter meu trabalho de parto em casa
Gostaria de ter meu trabalho de parto no pré-parto coletivo
Gostaria de ter meu trabalho de parto no apartamento
Gostaria que me acompanhasse durante o trabalho de parto:
                        Meu (minha) acompanhante: _________________________
                        Minha Doula: ________________________
                        Apenas a equipe obstétrica
            Gostaria de ter liberdade de movimentos
            Gostaria de poder beber líquidos claros (água, chá)
            Gostaria de poder ingerir alimentos leves
            Gostaria de reduzir ao mínimo o número de exames vaginais
            Gostaria de ter música ambiente
            Gostaria de ter o máximo silêncio
            Gostaria de ter luz suave
            Gostaria de adequação da temperatura do ambiente
Gostaria que não me rompessem artificialmente a bolsa se não for necessário
Gostaria que não me aplicassem ocitocina se não for necessário

Sobre as rotinas hospitalares: (conversar com a doula, a obstetriz e o obstetra)
Gostaria que não me realizassem enteroclisma (lavagem intestinal)
Prefiro que me realizem enteroclisma (lavagem intestinal)
Gostaria que não me realizassem tricotomia
Gostaria que me realizassem tricotomia parcial logo na admissão
Gostaria que me realizassem tricotomia total logo na admissão
Gostaria de poder tomar banho durante o trabalho de parto
Gostaria de ter camisolas e lençóis limpos à disposição

Sobre o local do parto: (conversar com a doula, a obstetriz e o obstetra)
Gostaria de ter meu parto em casa
Gostaria de ter meu parto no pré-parto coletivo
Gostaria de ter meu parto no apartamento
Gostaria de ter meu parto no centro obstétrico
 
Sobre o parto: (conversar com a doula, a obstetriz e o obstetra)
            Gostaria que me acompanhasse durante o parto:
                        Meu (minha) acompanhante: _________________________
                        Minha Doula: ________________________
                        Apenas a equipe obstétrica
            Gostaria de realizar o parto na posição: __________________
Gostaria de ter liberdade de movimentos
Gostaria de ter música ambiente durante o parto
            Gostaria de ter o máximo silêncio durante o parto
            Gostaria de ter luz suave durante o parto
            Gostaria de adequação da temperatura do ambiente
            Gostaria de poder usar os meus óculos
            Gostaria de poder escolher a posição mais confortável para parir
            Gostaria de poder tocar a cabeça do meu bebê, assim que ele coroar

Sobre os métodos naturais para alívio da dor: (conversar com a doula, a obstetriz e o obstetra)    
            Gostaria de receber apenas métodos naturais para alívio de dor (Massagens, Bola, alongamento, agachamento, variações de posição, terapia frio/calor)
Gostaria da utilização de banheira com água morna para alívio de dor
          Gostaria de receber outros métodos caso eu solicitar (Acupuntura, eletro-estimulação)
Não gostaria de receber métodos naturais para alívio de dor

Sobre  os métodos artificiais para alívio da dor:: (conversar com o obstetra e o anestesista)
            Gostaria de receber medicação para dor apenas se eu solicitá-la
Gostaria de anestesia local no período expulsivo caso haja a necessidade de episiotomia
Gostaria de peridural o mais cedo possível
Gostaria de peridural no fim do trabalho de parto
Gostaria raqui-anestesia no expulsivo
Gostaria raqui-anestesia no expulsivo apenas com a necessidade de fórceps de alívio
Gostaria que meu acompanhante me apoiasse durante a aplicação da anestesia
Gostaria de levantar o mais cedo possível após a recuperação anestésica

Sobre a episiotomia: (conversar com o obstetra)
Não gostaria de episiotomia em hipótese alguma (e assino termo de responsabilidade)
Gostaria de episiotomia apenas em risco iminete de laceração
Gostaria de episiotomia apenas em de risco de vida para o bebê                                       
            Prefiro a episiotomia independente da situação

Sobre a ocitocina: (conversar com o obstetra)
Não gostaria de ocitocina em hipótese alguma (e assino termo de responsabilidade)
Gostaria de ocitocina apenas por necessidade
Gostaria de ocitocina independente da necessidade

Sobre a aminiotomia: (conversar com o obstetra)
Não gostaria de rompimento artificial da bolsa em hipótese alguma (e assino termo de responsabilidade)
Gostaria de rompimento artificial da bolsa apenas por necessidade
Gostaria de aminiotomia independente da necessidade

Sobre o fórceps: (conversar com o obstetra)
Não gostaria do fórceps de alívio em hipótese alguma (e assino termo de responsabilidade)
Gostaria do fórceps de alívio apenas por necessidade
Gostaria do fórceps de alívio independente da necessidade

Sobre a manobra de Kristeller: (conversar com o obstetra)
Não gostaria da manobra de Kristeller em hipótese alguma

Sobre o recém-nascido independente da via de parto: (conversar com o obstetra e o pediatra)
            Gostaria que o cordão fosse cortado, depois de deixar de pulsar
Gostaria se possível que o cordão fosse cortado por: ________________________
Gostaria de receber imediatamente o meu bebê se estiver vigoroso
Gostaria de ser informada sobre o APGAR do meu bebê
Gostaria de receber o meu bebê em contato pele a pele
Gostaria de ficar com o meu bebê o tempo que eu determinar, desde que em segurança
Gostaria que realizassem qualquer procedimento no meu bebê na minha presença
Gostaria que realizassem qualquer procedimento na presença de: ___________________
Gostaria de receber imediatamente o meu bebê se estiver vigoroso
Gostaria que meu filho(a) não recebesse aplicação de Nitrato de Prata (credê)

□ Gostaria que meu filho(a) recebesse aplicação de Vitamina K intra-muscular


□ Gostaria que meu filho(a) recebesse aplicação de Vitamina K via oral



Não gostaria que meu filho(a) recebesse aplicação de Vitamina K
Gostaria que meu filho(a) não recebesse a vacina de hepatite B na maternidade
Gostaria que meu bebê não fosse aspirado caso não haja necessidade
Gostaria que meu bebê não tomasse banho sem a minha autorização
Gostaria que meu bebê não tomasse banho sem a minha presença
Gostaria que meu bebê utilizasse apenas as roupas fornecidas por mim
Não gostaria que meu bebê utilizasse roupas até que eu deseje
Não permito que seja oferecido qualquer tipo de bico artificial para meu bebê (chupeta, chuquinha ou mamadeira)
Gostaria que meu bebê ficasse em alojamento conjunto comigo o tempo todo de internação

Sobre a placenta: (conversar com a doula, a obstetriz e o obstetra)
            Gostaria de ver a minha placenta
            Não desejo ver a minha placenta
            Desejo ver a minha placenta e levá-la após o parto

Sobre a possibilidade de uma cesariana: (conversar com o obstetra)
Gostaria de realizar uma cesariana apenas por razões clínicas, das quais declaro estar informada e são:
                - Distócia de parto caracterizada pela parada da dilatação em franco trabalho de parto ou da descida do bebê após os 10cm de dilatação
                - Sinais de sofrimento fetal agudo antes da viabilidade do expulsivo
            Gostaria que o meu acompanhante assistisse à minha cesárea, em minha cabeceira
            Gostaria que ter ao menos um braço livre para receber meu bebê assim que nascer
Gostaria de realizar uma cesariana independente das razões clínicas, sabendo de todos os riscos e malefícios desse procedimento para mim e para meu bebê, abdicando de todos os benefícios da tentativa do parto normal para mim e para meu bebê e vou procurar um profissional que aceite correr esse risco comigo.

Declaro ter recebido informações adequadas e suficientes sobre os seguintes temas
O Pré- natal (Recomendações iniciais, Equipe de pré-natal, Exames, Vacinas, Cronograma, Disponibilidade, Orçamento, coberturas)
A Gravidez I (Modificações no corpo, Sintomas comuns, Data provável do Parto, Descoberta do sexo do bebê)
A Gravidez II (Estética, Alimentação saudável, Preparação física e emocional para o parto, Protagonismo, Empoderamento Trabalho de parto e dor de parto
O Parto I (As vantagens e desvantagens do parto normal x cesareana)
            O Parto II (Metodologia do Parto Humanizado)
            O Parto III (Trabalho de Parto, Ocitocina, Episiotomia, Amniotomia, Dor de parto, Métodos para Analgesia, Posição de Parto, Monitorização na hora do parto, Partograma)
            O Parto IV (Equipe de Parto, Local do parto, Escolha da Maternidade, Funcionamento da maternidade, Plano de Parto, Disponibilidade, Orçamento)
            O Parto V (Sinais de Alerta de parto, Recepção do bebê, Cuidados com o recém nascido, registro, escolha do nome, Amamentação, Sling, Banho de balde, Shantala)
A Família (Planejamento Familiar e métodos contraceptivos)

Recebi treinamento para o parto através da OFICINA DE PARTO  e AMAMENTAÇÃO promovida pela DOULA: _____________________________ no dia _____________ com _____ semanas